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domingo, 19 de setembro de 2010

É certo vender arte?

Uma vez ouvi um desenhista dizer que arte não se deve cobrar. O cara era parecido com um bicho grilo, seus desenhos tinham umas pessoas usando calças boca de sino e as imagens eram bem coloridas, cheias de curvas, círculos, estrelas. Parecia o registro da visão de alguém que acabou de chegar de uma viagem de LSD nos anos 60.

O cara era chato, muito chato. Se achava. Ou pior, ele se tinha certeza. Desenhava para um jornal regional de uma cidade. Fico pensando se ele não cobrava por aqueles desenhos. Me deu vontade de perguntar: – Cara, se eu não cobrar eu vou comer o quê? A sua irmã, seu babaca?

Numa outra vez eu fui eliminado de um concurso para concorrer a uma vaga num curso de arte só porque na carta de interesse eu mencionei que iria usar o curso para fins profissionais.

Essa gente pensa o quê? Que artista vive de brisa? E todos aqueles anos de estudos, livros, pesquisas, materiais, noites em claro? Acham que foi tudo gratuito? Fala sério!

Tudo bem que para ver, admirar, elogiar algum trabalho não é necessário pagar, – a não ser que seja em alguns museus, mas aí a taxa é para manutenção e serviços do local – agora se o sujeito quer uma obra exclusiva só para ele e seus mais chegados ficarem admirando em sua mesa, parede, teto ou chão aí tem que pagar mesmo. E vai pagar o devido valor sem pechincha.

2 comentários:

Re Lepage disse...

Nem a igreja vive de vento, e olha que eles vendem algo ainda menos palpável que arte ;)
Mas o que tenho visto é gente que critica o lado comercial, fala que não se curva ao poder do mercado, mas vende sua arte pros amigos (que coincidentemente são os comerciantes de arte ou colecionadores especulativos). E a cobra morde o próprio rabo...

Hanssen disse...

Os grandes artistas sempre viveram de vender sua arte. Mas acho que é´uma escolha, cada um vive como quer. Se você não quer ganhar dinheiro, não pode querer as coisas que o dinheiro oferece, como escolher sua roupa, comida e onde quer morar.